Portinari, Candido
(Brodósqui, SP, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1962) Pintor, gravador, ilustrador e professor.
Obras apresentadas no Salão de 31:
CT 90 Aída Rossi
CT 91 Retrato de Henrique Pongetti
CT 92 Retrato de Ida Thereza Pongetti
CT 93 Estudo
CT 94 Manuel Bandeira
CT 95 Dante Milano
CT 96 Murilo Mendes
CT 97 Jayme Ovalle
CT 98 Natureza Morta
CT 99 Francisco Braga
CT 100 Lorenzo Fernandez
CT 101 Oscar Borgeth
CT 102 Natureza Morta
CT 103 Luiz Peixoto
CT 104 Natureza Morta
CT 105 Carlos de Lima Cavalcanti
CT 106 Natureza Morta

Portinari, ao surgir, ainda muito jovem, no cenário das Artes, causou forte impressão tanto em Manuel Bandeira quanto em Mario de Andrade:
O júri premiou o Sr. Portinari pelo retrato do poeta Olegário Mariano. Cândido Portinari é um paulista de 23 anos que possui excelentes dons de retratista. A sua fatura é larga e incisiva. Apanha bem a semelhança e o caráter dos modelos. Já concorreu mais de uma vez ao prêmio de viagem do Salão. Foi sempre prejudicado pelas tendências modernizantes de sua técnica. Desta vez ele fez maiores concessões ao espírito dominante na Escola, do que resultou apresentar trabalhos inferiores aos dos outros anos: isso lhe valeu o prêmio. Manuel Bandeira [38]
O recinto estava quase vazio na calma pesada das quatorze horas e pude observar tudo com sossego. Numa das salas menores, havia outro retrato do Manuel Bandeira, sem grande parecença talvez e nenhum brilho, todo em tons baixos, de grande segurança na obtenção dos valores, obra muito boa. Percorri o catálogo. Era de um tal Cândido Portinari, artista de quem nunca ouvira falar, naturalmente um "novo". Ao lado, ainda outro retrato, o Violinista, do mesmo autor, era já uma obra admirável pela composição e a firmeza extraordinária do desenho, e deixei-me empolgar, entusiasmado.
Mário de Andrade [39]
Também é oportuno trazer as palavras de Manuel Bandeira que descrevem o que sentiu e percebeu quando Portinari pintou seu retrato. O trecho a seguir se encontra em artigo no qual Bandeira discorre sobre os dois pintores que o retrataram e o expuseram no Salão de 31: Portinari e Friedrich Maron. Destacamos abaixo a parte do artigo que se refere a Portinari.
Compare os retratos e leia aqui as referências correspondentes à pintura de Friedrich Maron


Portinari, com o meu retrato, começa a pintar por si, já emancipado das influências que recebeu na Europa. (...) Que rapaz tranquilo este Cândido Portinari, que na realidade não é tão cândido assim! Recordo as manhãs tão agradáveis em que posei para ele na salinha magra da rua do Catete. Pequeno (...), louro, olhos azuis, já com um pequeno embonpoint que os artistas europeus só se permitem depois dos cinquenta anos, disfarçando o gosto por uma doce cabeleira com o horror aos cabeleireiros. Portinari é um pintor repousante que não cansa nunca o seu modelo. Deixa mexer, conversa. Quase imóvel e ligeiramente apoiado sobre a direita, vai tirando da "paleta de Velázquez" as tintas com que preliminarmente "dá matéria" à carnadura: os olhos ficam para depois e nem sempre os faz. (...) Tudo nele respira placidez, frescura, sutil facilidade. A sua pintura, que pode não impressionar à primeira vista, tem no entanto um encanto de penetração lenta, mas segura. É por todas essas qualidades que o meu retrato é também retrato dele: ajudou-me a conhecê-lo. [40]
Já Tina Canabrava foi mais reservada em relação à qualidade das obras de Portinari:
Cândido Portinari, embora tenha ouvido Paris, ainda não é propriamente um pintor "liberto". Sua arte é uma transição prometedora, é claro, mas que infelizmente ainda se apega ao formal e ao exterior. Dos seus envios quase todos já expostos em exposições anteriores, lembramos pela excelência qualitativa da obra, a natureza-morta nº 98 e o retrato nº 91, que leva a orientação de um caminho que deve ser prosseguido, pela pureza clássica de linhas e de expressão. E onde se descobre o grande artista que há nele. [41]

Inauguração da Exposição de Candido Portinari no Palace Hotel, Rio de Janeiro, 15 de maio de 1929. REVISTA DA SEMANA, 25 maio 1929, Fundação Biblioteca Nacional.
[38] A PROVÍNCIA, São Paulo, 13 setembro 1928. "O Brasil que insiste em pintar". Manuel Bandeira.
[39] CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO DE CANDIDO PORTINARI NO MUSEU NACIONAL DE BELAS-ARTES EM 1943. "O Pintor Portinari". Mário de Andrade.
[40] BAZAR, Rio de Janeiro, 7 outubro 1931. "Retratos de Meus Pintores". Manuel Bandeira.
[41] DIÁRIO DA NOITE, São Paulo, 18 setembro 1931. "A XXXVIII Exposição de Belas-Artes ou o Primeiro Salão Revolucionário". Tina Canabrava
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