XXXVIII Exposição de Belas Artes
- Salão 31
- 20 de set. de 2023
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Diário da Noite, São Paulo, 1 setembro 1931
XXXVIII Exposição de Belas Artes
A inauguração solene, esta tarde, do primeiro “Salon” revolucionario (sic)
Quatro dos trabalhos que figuram no “Salon” deste ano: uma téla de Gobbis, de S. Paulo; “Retrato”, de H. Cavaleiro; “Interventor Lima Cavalcanti”, de Candido Portinari e uma das amostras cubistas de Tarsila do Amaral. A hora em que começar a circular a presente edição do DIARIO DA NOITE estará sendo inaugurado o XXXVIII Exposição Geral de Belas Artes, a primeiro que se realiza após a vitória da Revolução, que transformou inteiramente a orientação da Escola Nacional de Belas Artes que, pela primeira vez, intervem (sic) de frente, pela sua direção, na organização da principal mostra nacional de arte, outrora controlada pelo extinto Conselho Superior de Belas Artes.
Antecipando-se à inauguração oficial, o DIARIO DA NOITE poude (sic), na manhã de hoje, percorrer as salas pelas quais se desdobra o “Salon”, que é, sem duvida (sic), o maior de quantos tem (sic) sido realizados. A azafama (sic) era grande quando lá estivemos. O diretor da Escola, arquiteto Lucio Costa, desdobrava-se em atividade. O pintor Candido Portinari, sua colega Anita Malfati e o escultor Celso Antonio, determinavam, febrilmente, as colocações dos ultimos (sic) trabalhos.
Que nomes são estes que surgem, assinando télas (sic) e mais télas (sic), e nunca vistos nos “Salons” anteriores? São os revolucionarios (sic), hontem (sic) no ostracismo, perseguidos pela intransigencia (sic) dogmatica (sic) da orientação academica (sic) dominante e hoje com todas as honras de vencedores. Uma parede só para os quadros de Gobbis. Outra para os de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Uma sala toda para Candido Portinari. Colocações esplendidas (sic) para Corrêa de Araujo, J. Maron*, Ismael Nery, Gomide, Lazar (sic) Segall...
São os tenentes da arte brasileira. Todas as honras para eles. E para os da velha política, o exilio (sic), o abandono aos montes em uma sala que sendo embora a primeira, logo á (sic) entrada, é a revivescencia (sic) do velho “necrotério” da mocidade, ao tempo de Baptista da Costa. Bernardelli, Carlos Oswald, favoritos e poderosos de hontem (sic) e hoje os Washington Luis e Vianna do Castello nossa Republica (sic) Nova de Belas Artes, amontôam-se (sic) nela.
A hora na Republica (sic) Artística é dos tenentes, dos vencedores, do ministro Osvaldo Aranha, do major Juarez Tavora, do general Miguel Costa ou, dando-lhe os nomes verdadeiros, de Candido Portinari, Celso Antonio, Léo Putz, Tarsila... Na politica (sic), como na arte, a Revolução triunfou. Pobres dos decaídos!...
Uma coisa interessante: não ha (sic) premios (sic) este ano no “Salon”. Nem o de viagem, nem os de animação, nem as medalhas tradicionais. Apenas dois, relativamente insignificantes, e particulares, instituidos (sic) pelo Museu Mariano Procopio: um em dinheiro, quantia pequena, e outro uma medalha.
No edificio (sic) da Escola Nacional de Belas Artes, com toda a pompa, convidados os srs. Getulio Vargas e os seus ministros, o “Salon” será inaugurado ás (sic) 15 horas em ponto. Em segunda edição DIARIO DA NOITE dará a primeira impressão dos trabalhos expostos.
* O jornalista errou ao colocar a inicial J. Na realidade, é F. Maron: Friedrich Maron.
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